* Por Keyla Almeida
Na minha família por parte de pai, sempre tiveram a tradição de por duas semanas em Janeiro viajar para a praia. Íamos todos juntos: os meus tios, as minhas tias, primos, minha avó ( que ainda era viva). Eles gostavam de ir para Marataízes, é um município que fica localizado no litoral sul do estado do Espírito Santo e é uma praia de interior mesmo, (mais ou menos uns 30.000 habitantes vivem lá).
Meus tios sempre gostaram mais de ir para litorais que fiquem mais no interior, pois como viajavam comigo e com meus primos pequenos, assim eles poderiam ficar mais tranquilos, já que as praias não ficam tão cheias, como em praias situadas perto das grandes capitais litorâneas. Era incrível, amava estas duas semanas que passávamos juntos.
Em Marataízes tem a Lagoa do Siri, minha tinha Neuza, alugava uma van e iamos todos para lá. O que mais me chamava a atenção nesta lagoa, é que na beirada dela é mais fundo que o meio. Na beirada, dependendo do seu tamanho, a água bate na cintura para cima, e, no meio, da cintura para baixo, e ainda em algumas partes a água chega a bater em sua canela somente.
O bom de lá é que tem a lagoa de um lado, mas do outro lado da areia tem o mar, então você pode escolher entre tomar banho de água doce ou banho de mar. Eu e meus primos amávamos ir para lá, a gente nadava muito.
O viagem a Marataízes que mais me marcou
O dia que mais me marcou em uma de nossas viagens para Marataízes, foi em um ano que aconteceu da maré retroceder muito.
Fui com uma das minhas tias na beira do mar a noite (gostávamos de fazer isso às vezes), e quando chegamos lá não conseguimos ver o mar de primeira, olhamos e mais pra frente conseguimos ver as ondas um pouco distante. Descemos para areia e fomos andando, a lua estava cheia e linda, e na parte onde o mar ficava antes, formaram pequenas poças, que a luz da lua refletia e ficava lindo. Não fomos muito pra frente porque, além da minha tia ficar com receio de cairmos em alguma poça funda, o mar poderia voltar de uma só vez, mas foi incrível ver este fenômeno.
No outro dia o mar voltou, mas ainda com a maré muito baixa – a água mal batia na cintura, mas não quer dizer que não estava perigoso. Lembro que as ondas estavam bem fortes,lembro que meus tios foram levar minha avó no mar, para se molhar um pouco (ela tinha sofrido derrame há mais de 20 anos, e perdeu os movimentos do lado esquerdo desde então, e isso fazia ela ter um pouco de dificuldade de se locomover). Como a maré estava baixa eles conseguiram sentar ela e ficaram perto observando, minha avó amou, ria a todo momento, mas em um segundo de descuido veio uma onda e quase a tampou. Minha avó rindo acabou perdendo a dentadura, e ainda bebendo um pouco de aguá, mas levou tudo na brincadeira, rimos bastante da situação e até hoje esta história é contada nas reuniões de família.
Mas outro detalhe que também ocorreu com este fenômeno é que como o mar retrocedeu e depois voltou com a maré forte, apesar de baixa, muitas estrelas do mar, foram jogadas para fora e se você caminhava na praia via muitas delas. Foi assustador e lindo de ver ao mesmo tempo, e triste também quando se pára para pensar.Meus primos e eu tentamos salvar algumas, jogando elas de volta ao mar, mas tiveram algumas outras pessoas que estavam pegando para fazer de enfeite em casa.
Nunca vou me esquecer deste ano. E nem das outras viagens que fizemos juntos, fizemos ainda várias viagens para Marataízes, mas depois passamos a ir para Santa Clara, uma praia oceânica localizada no município de São Francisco de Itabapoana, na mesorregião do Norte Fluminense do Rio de Janeiro, onde também vivemos varias aventuras.
Hoje, em dia não viajamos mais juntos, minha avó já faleceu e alguns tios também, os primos cresceram, e assim não conseguimos manter mais a tradição. Mas todas as lembranças gostosas de conviver com meus familiares durante duas semanas em uma cidade praiana ainda me fazem sentir saudades e sorrir.
Estar com minha família é sempre bom, mas viajar era ainda melhor. Sonho em um dia poder voltar com esta tradição, agora meus primos e eu, a segunda geração da nossa família com nossos filhos, para poder criar novas lembranças.
Se você que está lendo tiver a oportunidade, faça uma viagem com toda a sua família também. Se tiver muitas crianças e adolescentes na família, e quiserem ir para praia, tentem escolher praias que fiquem mais para o interior das cidades, são praias que tem mais tranquilidade, e assim tanto você, quanto as crianças e os adolescentes vão poder aproveitar. São momentos únicos que você vai viver, e que para sempre vão ficar na memória, meus primos e eu quando nos juntamos sempre lembramos das nossas viagens, e todos sentem falta de poder viajar juntos.
* Keyla, é analista de Atendimento na MaxMilhas, sonhadora, é muito família, ama praias e viajar também.