A Nova Zelândia é pra todos: 5 tipos de turismo para curtir a viagem

* Por Evandro Abu Kamel

Kia ora! Olá, meu nome é Evandro Abu Kamel, trabalho na MaxMilhas desde o final de 2018 e alguns meses antes, no mesmo ano, consegui realizar meu sonho que já vinha sendo planejado e organizado há 4 anos: viajar para a Nova Zelândia sozinho. 

Eu não só viajei rapidamente, mas sim morei lá por 4 meses e fiquei mais 1 mẽs viajando pela NZ. E o que me levou a tomar essa decisão ou escolher esse país? Primeiramente, porque lá foram feitas as filmagem do filme O Senhor dos Anéis, série de filmes que eu era muito fã na adolescência, e, depois, porque quando assisti ao “NerdTour – Nova Zelândia”, no canal Jovem Nerd no YouTube, tive a certeza que eu deveria ir para lá na minha primeira viagem internacional.

Este sou eu visitando meus parentes hobbits, em Hobbiton. Se pudesse eu viveria aí.

Aotearoa, nome dado ao país pelo povo maori, que chegou ali muito antes dos ingleses, é composta de duas ilhas principais: ilha Norte e ilha Sul. A maior parcela da população, cerca de 65%, vive na ilha Norte, onde também tem a maior concentração do povo maori, cerca de 90%. Já a ilha Sul é conhecida pelas belas paisagens e montanhas. Mas um país não é feito só de paisagens, o povo neozelandês ama seu país e luta para que ele seja preservado e ao mesmo tempo acessível a todos. Digo isso pois a infra-estrutura e a acessibilidade são impecáveis, as pessoas têm muita boa vontade em te atender ou apenas ajudar, as ruas são limpas e seguras inclusive à noite (com cuidados, claro) e, o mais importante, a lei vale pra todos lá, coisa rara pra nós brasileiros, por isso a sensação de segurança é bem alta, raramente ocorrem crimes comuns.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa. A Nova Zelândia, mais especificamente a badalada cidade de Queenstown, é mundialmente conhecida como a capital dos esportes radicais. Mas, na verdade, isso não é a única coisa que se tem de interessante pra fazer por lá. Você pode, por exemplo, fazer ecoturismo, conhecer a cultura maori, fazer turismo gastronômico, visitar locais de filmagem de O Senhor dos Anéis e instalações da Weta, visitar as montanhas nevadas, fazer hiking e visitar lugares curiosos.

1. Do Kia Ora ao Haka

Se você for à Nova Zelândia, não pode sair de lá sem saber falar o Kia Ora, saudação usada sempre que se encontra alguém, e nem sem saber fazer o Haka, a dança de guerra maori. 

A melhor cidade para se fazer isso é Rotorua que fica na ilha Norte. Essa cidade tem um cheirinho peculiar de ovo podre devido aos gases que saem da terra, pois ela fica sobre uma falha geológica, mas com o tempo você se acostuma. Lá você pode visitar Whakarewarewa – The Living Maori Village, uma vila onde se pode aprender bastante sobre eles, conhecer seus costumes, seus artesanatos e obras esculpidas em madeira. Há também um refeitório que serve o hangi, que é uma refeição preparada na forma de cozimento utilizado pelo povo maori, onde a comida é preparada em fornos de pedra e brasa em buracos no chão. Várias vezes ao dia o grupo de música e dança faz suas belíssimas apresentações, onde também contam alguns contos folclóricos.

E uma das experiências singulares para os aficionados por tatuagens é que nessa vila há um tatuador que, sob agendamento e pagamento (nada é de graça), te fará um desenho de ta moko, como os maori se referem a tatuagem, após uma conversa sobre a sua história de vida. Essa tatuagem irá representar sua pessoa com os símbolos e formas dessa cultura. Eu tive a sorte de conseguir que esse mesmo tatuador fizesse o desenho em mim e foi uma experiência sem igual.

Apresentação de música e dança na vila de Whakarewarewa.

Além de Whakarewarewa, em Rotorua também existem outras vilas maori. Tamaki Maori Village, a segunda que visitei, fica um pouco mais afastada da cidade, no meio de uma mata, e funciona sob agendamento para visitação de grandes grupos. 

Essa vila tem um aspecto mais rústico nas suas construções e decorações. Nessa oportunidade eu estava viajando no Kiwi Experience, um ônibus de turismo que roda por todo o país, e passamos a pernoite ali. Ao chegar no fim da tarde, fizemos um passeio pela vila, aprendemos alguns jogos Maori. Mais a noite tivemos uma recepção de um grupo de guerreiros maori onde um líder eleito de cada grupo de visitantes deveria oferecer um ramo simbolizando um presente de paz para que então pudéssemos adentrar de fato na vila. 

Novamente, foi mais uma oportunidade para aprender sobre sua cultura, sobre pesca, tatuagem, cozimento, brincadeiras e dança, onde todos os homens tiveram que aprender a fazer o kapa haka para as mulheres. Em seguida tivemos uma apresentação de música e dança, bem diferente da outra vila, mas tão bonito quanto. Após essa apresentação fomos servidos com um farto banquete, para todos os gostos, com carnes e legumes cozidos no hangi. A noite ficou melhor ao saber que maori também é moderno, pois eles tem bar e jacuzzis na vila, e quem dormiu lá pôde desfrutar dessa mordomia. O problema mesmo era o frio do inverno, próximo de 0º, mas nada que um banho quente não resolva.

Outro lugar interessantíssimo para se visitar é o Instituto de Artes e Cultura Maori da Nova Zelândia – Te Puia. Lá podemos ver de tudo um pouco: jovens maori aprendendo a fazer esculturas e artesanato, visitar as lagoas de água e lama quente, ver geysers e até mesmo ver alguns kiwis em cativeiro, ave símbolo do país. Esse instituto é muito importante para eles pois ali tentam manter viva e próspera a sua cultura e sua arte. Vale a pena a visita.

Caminhada por Te Puia, em Rotorua

2. Desbravando as trilhas

Trilha em Golden Cable, a subida foi bem pesada mas a vista é única.

Quando eu disse que na Nova Zelândia quase tudo é acessível eu me refiro inclusive às trilhas. Todas são nomeadas, sinalizadas e algumas possuem até passagens de madeira com piso antiderrapante e corrimão, visando a segurança dos visitantes. 

Essas trilhas estão por todo o país. Basicamente, em qualquer lugar que você vá, vai encontrar alguma trilha por perto e pode esperar que você será recompensado com uma vista belíssima.

Trilha para Franz Josef Glacier, pegando um desvio para Peter’s Pool.

Um ponto reconfortante é que nas matas do país não existem animais perigosos como cobras, aranhas, escorpiões ou outros animais, os únicos animais nativos do país são aves e alguns insetos, que não apresentam perigo.

3. Experimentando comidas diferentes

Se você vai viajar a outro país provavelmente irá degustar da culinária daquele país, mas a Nova Zelândia é um país multicultural, pois além dos kiwis e maoris, temos muitos chineses, japoneses, coreanos, indianos e tailandeses vivendo lá, então, existem muitos restaurantes desses povos em praticamente qualquer cidade que você vá. E, obviamente, são comidas com preparos e temperos bem diferentes da comida brasileira, desde o café da manhã ao jantar. É uma excelente oportunidade para experimentar comidas diferentes e deliciosas. 

Em Queenstown tem um restaurante que faz um sanduíche artesanal que dizem ser magnífico, o problema é que a fila na porta dele é imensa a qualquer hora do dia, até mesmo de madrugada. Como não sou fã de filas, nem me dei ao trabalho.

Jantar (banquete) em Tamaki Maori Village, em Rotorua

4. Navegando pelo fiordes

Pela definição, fiorde (do norueguês fjord) é uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas, originada por erosão causada pelo gelo de antigo glaciar (geleira). Na Nova Zelândia existem vários fiordes, inclusive há uma região chamada Fjordland, que agrupa vários deles bem próximos. A melhor forma de se visitar essas maravilhas é por água e, dependendo do clima, ensolarado ou neblinoso, você terá experiências unicamente maravilhosas. Tive a oportunidade de visitar um fiorde e uma baía que fica bem ao lado de um fiorde: Milford Sound, ao sudeste da ilha Sul, e a baía chegando em Picton pela balsa que faz o transporte entre as duas ilhas principais.

Estrada a caminho de Milford Sound.

A visita que fiz a Milford Sound foi fantástica, a começar pela estrada. Estávamos na época de inverno então montes em torno das estradas ao sul estavam cobertas por neve, a vegetação verde e rica, e o tempo alternava entre nevar e chover a todo momento. A vista era espetacular, algo totalmente novo para mim.

Ao chegar no porto, embarcamos num barco com três decks, sendo o último aberto, e fomos navegando até perto do mar, onde acabava o fiorde. Na volta passamos bem perto das cachoeiras, a força da água era bem forte e estava bem gelada. A vista era algo quase místico, com as névoas encobrindo o topo dos montes e as nascentes das cachoeiras. O céu estava nublado e garoava.

Algumas imagens de Milford Sound.

Chegando na ilha Sul, no verão.

O outro passeio que tive o prazer de realizar duas vezes foi a travessia do estreito entre as ilhas, partindo do porto de Wellington até Picton. Fiz esse trajeto na primeira semana que cheguei lá e, ao final, nas semanas que viajei com o Kiwi Experience. A travessia foi feita por uma grande balsa (chamada por eles de ferry), que por si só já é uma atração, com vários decks com restaurantes, lanchonetes, lounge e até cinema. A viagem dura cerca de 2 horas e meia e a vista é belíssima, se tiver sorte pode até avistar algumas focas nadando ao lado do barco.

5. Pequenas loucuras pra quebrar a calmaria

Como eu disse no começo, a Nova Zelândia é o local dos esportes radicais, então, você não pode sair de lá sem ter praticado alguns deles. Se você não é muito adepto de desses esportes, existem outras atividades que podem dar aquela dose de adrenalina pra quebrar o gelo. Segue algumas delas que consegui fazer e fotografar. Todas foram experiências únicas para mim e ao final vem aquela sensação de vitória inigualável.

Black Water Rafting em Waitomo, adentramos numa caverna totalmente escura e inundada com água geladíssima.

Andar a cavalo em River Valley Stables, possível até para quem nunca cavalgou, eles tem cavalos bem mansos e são muito bem cuidados.

Ficar perdido no labirinto 3D do Puzzling World, mundo dos quebra-cabeças, em Wanaka. O perigo aí estava em perder a hora do ônibus.

Descer (e voltar) a tirolesa de 130 metros em Kawarau Zipride, sobre o rio Kawarau. Além da velocidade, peguei a chuva e o frio do inverno.

Praticar snowboarding ou skiing em Mount Cardrona. Se você nunca fez isso antes, como eu, pode pagar para ter aulas lá e aprender junto com outros iniciantes.

 

Essas foram algumas das experiências que consegui realizar e registrar durante minha estadia na Nova Zelândia, essa pequena maravilha da Oceania. Se você ainda está em dúvidas se deve ou não visitar este país, vá sem dúvidas, você não irá se arrepender. Há muitas experiências te aguardando lá, eu mesmo pretendo voltar para visitar outros lugares e rever as amizades que fiz. Boa viagem! Haere rā.

Evandro Abu Kamel é desenvolvedor de software na MaxMilhas, gamer, metaleiro e mestre do cão Dominó.

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